México perde para o Brasil na preferência do Credit Suisse

31/03/2014 08:12
Autora: Beatriz Cutait
 

Em um contexto de retorno do investidor estrangeiro ao mercado acionário brasileiro com mais vigor em março, o Credit Suisse divulgou relatório apontando mudanças que levaram o México a perder espaço na preferência de alocação na América Latina para o Brasil.

O banco atualizou a tese de investimentos sobre seis mercados emergentes - Brasil, México, Coreia, China, Polônia e África do Sul -, que estiveram no foco das discussões de roadshow do banco para abordar as perspectivas para o grupo em 2014.

 

Enquanto manteve a classificação "benchmark" (em linha com a média do mercado) para o mercado brasileiro, o banco rebaixou o México da mesma posição para 10% "underweight" (abaixo da média do mercado).

De forma geral, Alexander Redman e Arun Sai disseram que, em termos de região, mantêm forte preferência pelos mercados asiáticos sobre os latinos, os quais, por sua vez, são mais cotados que os da região da Europa, Oriente Médio e África (Emea, na sigla em inglês).

Responsável pela preferência do Credit dentre os emergentes, a Coreia teve a posição "overweight" (acima da média do mercado) elevada de 20% para 30%, enquanto a China teve a indicação cortada de overweight (com 10% acima da média) para benchmark. O banco ainda preservou as classificações de acima da média para o mercado da Polônia e underweight (50%) na África do Sul.

Para avaliar esses países, o banco se fia em critérios como a exposição à recuperação dos mercados desenvolvidos via participação das exportações sobre o PIB; a força relativa de suas contas externas e o risco cambial implícito; a previsão de sustentabilidade do crescimento econômico no curto e médio prazo; as preocupações estruturais do mercado, vinculadas a questões como ambiente de negócios; a posição dos países em seus respectivos ciclos de crédito em relação à tendência de longo prazo; e os "valuations" absolutos e relativos e o crescimento numa série de dez anos.

Dentre as razões por trás da manutenção da recomendação para o Brasil, o Credit Suisse menciona os impactos da recente desaceleração chinesa sobre a economia - e especialmente sobre a Vale. O banco ainda diz que, se excluídas as ações da mineradora e da Petrobras, o mercado estaria menos atrativo do que parece, já que as duas empresas aumentaram a diferença do Brasil em relação aos outros mercados emergentes ao longo dos últimos três anos. Em sua visão, o mercado doméstico não está tão barato. Também entre os aspectos de risco, o banco cita a possibilidade de novas revisões para baixo nas projeções para o crescimento do PIB neste ano, a exemplo do que aconteceu em 2012 e em 2013.

Por fim, o Credit Suisse assinala que há pouca evidência de reformas no Brasil abordando questões estruturais subjacentes, como a baixa representação da produtividade sobre a expansão da economia. "Nós já destacamos anteriormente como os ganhos de produtividade brasileira têm ficado atrás do forte crescimento real dos salários, que são em parte responsáveis pelo esgotamento das margens de lucro líquido das empresas e pela queda na criação de valor relativo do país (retorno sobre o patrimônio líquido menos custo do capital próprio)", afirma a instituição.

A melhora recente da bolsa brasileira já leva o Ibovespa a subir 5,7% em março - após quatro meses de baixa - e a reduzir a queda acumulada no ano para 3,4%.

 

Fonte: Valor, 31/03/2014